Nosso país vive um momento terrível, onde a normalização do
discurso de idolatria a personalidades políticas parece tomar conta
de todos. De um lado vemos os lulistas, que colocam o ex-presidente
Lula em um pedestal acima de todos, quase um santo imortal. De outro,
vemos os bolsonaristas, que idealizam em mito o atual presidente
Bolsonaro, quase um deus. Ambos os grupos estão errados, já que os
dois líderes são seres humanos.
Lula está preso e enquanto foi presidente da república ele e sua
equipe de governo promoveram grandes mudanças sociais no país, o
Brasil viu sua industrialização crescer (ainda que num índice
muito aquém do esperado), melhorou os números da educação,
reduzindo o índice de analfabetismo e ampliando o acesso às
universidades (muito embora o ensino de modo geral ainda esteja bem
longe do que se pode considerar bom) e transformaram o país numa
potência crescente atuando na política externa de forma eficiente e
buscando o diálogo com países de todas as vertentes ideológicas
(apesar da decisão duvidosa de emprestar dinheiro a países cujo
risco de retorno era muito alto, como Venezuela). No entanto, apesar
disso, foi um período marcado por casos de corrupção dentro e nos
arredores do governo, mensalão, envolvimento de ministros com
propina e prisão de membros do alto escalão do partido dos
trabalhadores, são um exemplo.
Bolsonaro é o atual presidente, e tem pouco mais de 100 dias à
frente do governo, no entanto, nesse curto período, já tivemos
inúmeras denúncias feitas contra o mesmo e seus arredores,
envolvimento com milícias no Rio de Janeiro, laranjas no PSL
(partido de Bolsonaro), além do descontrole administrativo, com
trocas constantes de cargos no primeiro e segundo escalões de
algumas pastas importantes do governo federal (deixando claro o
amadorismo e improviso em toda a equipe governista). Na política
externa, Bolsonaro buscou uma aproximação extrema com EUA e Israel
e, com críticas e atos, afastou o Brasil de países com presidentes
de esquerda, como a China. Além disso, Bolsonaro e sua equipe vem
acumulando declarações polêmicas, como comemorar o Golpe de 64,
publicação de video pornográfico em canal oficial do presidente,
declarações de que o nazismo é de esquerda, mandar o Hamas “se
explodir” (neste caso, o filho do presidente) causando mal estar
com os países árabes e muçulmanos. Entretanto, ainda é cedo para
definir como será o governo Bolsonaro, portanto, devemos aguardar.
Mas o foco desse artigo são os fãs. Os lulistas e bolsonaristas (ou
bolsominions), tem se tornado a cada dia mais extremos. A discussão
vem se tornando mais rara e difícil, dando lugar a ofensas pessoais
e de baixíssimo calão, amizades perdidas, famílias mais desunidas,
e discussões sem sentido dominam as redes sociais em todas as suas
faces.
Ambos os políticos, são humanos, não mitos, ou santos, ou deuses,
são apenas homens e como tal devem ser tratados.
Suas vidas públicas, devem ser analisadas e vistas como a imagem que
o Brasil quer passar ao mundo, e suas qualidades e defeitos devem ser
cuidadosamente pesados e analisados. E nesse quesito, a prisão de
Lula, causa desconforto por ele ter sido um presidente muito bem
visto internacionalmente, mas também causa tranquilidade por
demonstrar que, apesar sua popularidade o sistema judicial brasileiro
pode atingir qualquer um.
As declarações de Bolsonaro, vem reposicionando a visão que o
mundo tem do Brasil de uma forma extremamente negativa, suas
declarações sexistas, homofóbicas, racistas e seu posicionamento
armamentista, começam a dificultar as relações internacionais do
país, por fazer o mundo ver o Brasil como um país que compartilha
essa visão problemática e discriminatória com o presidente,
entretanto, reforço, ainda é cedo para saber como serão os 4 anos
vindouros.
Infelizmente, os fãs de ambos acabam proporcionando as mais bizarras
confusões na internet e fora dela. A discussão, que deveria ser
sobre como melhorar o país, tornou-se uma polarização sobre quem é
coxinha ou mortadela, quem é minion ou petista, quem é direita ou
esquerda. E isso apenas gera a mais absurda quantidade de ofensas
gratuitas, com brigas virtuais e reais entre amigos, familiares e
desconhecidos. O país se divide, e mesmo quando alguém tenta atuar
de forma crítica e imparcial, alguém “empurra” essa pessoa para
algum lado, apenas com o mero intuito de ofender e sentir-se
superior.
O correto é que todos entendam que a discussão política é
importante e necessária, e deve começar cedo. Pois somos todos
seres sociais e, como tal, tudo o que fazemos em sociedade é um ato
político. Partidarismos, não interessa de que lado, servem apenas
para separar e destruir a sociedade e, por isso, devem ser evitados e
combatidos. O Brasil ainda é um só e se não começarmos a rever a
forma como são feitas as críticas, em breve poderá ser mais de um.